segunda-feira, dezembro 25, 2006

fímbrias

segura o poema na paisagem com dedos de agulha

pelas fímbrias dos caminhos as palavras diluem-se em pulseiras

de vidros foscos

renascem as ervas felpudas nas cabeças descoroadas

pelas revoltas dos legumes

os canaviais sussurram medos de alienígenas

engole a flor desbotada do arbusto irritante

larga uma letra do poema

mais outra

mais outra

o poema escangalha-se

planta-se nas ervas craneanas

de um golpe habilidoso as canas vergam-se

à navalha de vento

o segredo dos medos evola-se no

fumo nublado dos olhos encegados

desfaz-se em flocos de neve envidraçada

sobre os lagos distantes dos satélites de

Saturno

m. f. s.

18-10-2005

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