segura o poema na paisagem com dedos de agulha
pelas fímbrias dos caminhos as palavras diluem-se em pulseiras
de vidros foscos
renascem as ervas felpudas nas cabeças descoroadas
pelas revoltas dos legumes
os canaviais sussurram medos de alienígenas
engole a flor desbotada do arbusto irritante
larga uma letra do poema
mais outra
mais outra
o poema escangalha-se
planta-se nas ervas craneanas
de um golpe habilidoso as canas vergam-se
à navalha de vento
o segredo dos medos evola-se no
fumo nublado dos olhos encegados
desfaz-se em flocos de neve envidraçada
sobre os lagos distantes dos satélites de
Saturno
m. f. s.
18-10-2005
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